quinta-feira, 31 de março de 2011

Ok, você já sabe... mas nunca é tarde pra lembrar que o cigarro mata!

  Luciana de Melo | 


Minha campanha não é por um mundo sem cigarro.
Apenas pra que as pessoas que gosto
tenham vida longa e saudável.
 Sei que é difícil convencer um fumante a largar o vício baseado apenas no que todos estão cansados de saber – o cigarro mata, mutila, faz sofrer... A possibilidade de adoecer por causa dele parece tão distante...  
Meu pai fumou por cerca de 30 anos. Parou quando foi internado com a pressão arterial a quase 300/200 e o médico alertou: a vida ou o tabaco.
Abandonou o cigarro, mas o estrago já estava feito. Cinco anos depois, descobriu que tinha um câncer na bexiga. Tratou e conseguiu ficar curado.
Foi em 2000, nove anos mais tarde, que ficamos sabendo que ele tinha câncer no pulmão, já em estado avançado. Fez radioterapia, quimioterapia, tinha vergonha da falta de cabelo, mas conseguiu continuar com suas atividades normais, como o trabalho. Resistiu bem ao tratamento.
Após um ano e dez meses, entretanto, surgiram outros sintomas. Teve início aí a parte dolorosa, para nós e para ele. Começou a ter paradas respiratórias, numa espécie de convulsão. Quando deitado, perdia o ar e os sentidos. Fazíamos vigília noite e dia para socorrê-lo e garantir que ele voltasse a respirar, caso tivesse a crise. Vieram então o cansaço maior para se movimentar, a dor insuportável na perna que o impedia de andar, a diminuição da visão de um dos olhos. O tubo de oxigênio ficava ao lado para emergências. Não conseguia dormir profundamente, impedido por tanto desconforto.
Na semana anterior à última internação, ele não era mais capaz de qualquer tipo de movimento sem sentir falta de ar. Os vários comprimidos que tomava, a toda hora, pareciam não fazer mais efeito. Toda nossa atenção não tinha qualquer poder de mudar aquela situação. Foi quando descobrimos que a dor na perna e parte da piora de seu estado eram causadas por metástases, no fêmur e no cérebro, que apareceram de maneira acelerada. No hospital, a máscara de oxigênio parecia não resolver, não ser suficiente para ajudá-lo. Foi quando ele pediu, suando e sofrendo, que o médico o fizesse dormir para suportar a dor e a falta de ar. Cerca de dez horas depois, parou de vez de respirar...
O mais irônico de tudo é que agradecemos a Deus por ele não ter sofrido tanto. Na maioria dos casos de câncer de pulmão, o sofrimento é ainda pior.
E saber que essa doença poderia ter sido evitada... Assim como todos os fumantes, meu pai também achava que a possibilidade de um câncer causado por esse vício estava bem distante.. Morreu com 65 anos. Apenas 65 anos. E poderia ter vivido muito mais. Com saúde...
Muitas pessoas, como eu, viram a pessoa que amavam sofrer com uma doença incurável. Sofreram junto, desesperaram-se com cada notícia dos médicos que pouco a pouco acabava com nossas esperanças.
Nunca fumei. Assim como minha mãe e meus irmãos. Meu pai decidiu parar, mas os 15 anos sem cigarro não foram suficientes para evitar o pior.
Falar que o tabaco é uma das maiores causas de doenças evitáveis, pode soar comum. Mas perdi uma das pessoas que mais amava por causa dele.
Alguns parentes e amigos próximos, que acompanharam tudo bem de perto, mudaram suas vidas. Outros não.
Muitos que fumam nem se dão ao trabalho de ler histórias como esta. Se não é o seu caso, se você fuma e chegou até aqui, pense um pouquinho a respeito. Será que não vale a pena trocar o prazer de fumar por uma expectativa de vida mais longa e saudável?
Só não espere pra pensar a respeito quando for tarde demais.

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